Vintage Liebman

David Liebman é, em minha opinião, um dos saxofonistas mais importantes do universo do Jazz. A razão pela qual lhe atribuo essa importância tem a ver com a forma como a sua música representa (para mim) a ponte entre dois mundos: o antes e o depois de Coltrane . Com a partida de Trane uma multiplicidade de caminhos ficaram em aberto, uns apenas encetados, outros explorados mais a fundo, outros apenas sugeridos: o desenvolvimento de uma complexidade melódica até então desconhecida no "jogo" dos músicos de jazz seus contemporâneos (a época das "sheet of sound") ; a transformação/apropriação definitiva da canção ("My favourite Things"); o modalismo - que Trane abraçou desde o primeiro momento em que Miles lho sugeriu ("Kind of Blue") - e que mais tarde teve os seus momentos mais intensos em "Impressions"; o interesse pelas tradicões musicais de culturas exteriores ao Jazz - aquilo a que mais tarde se veio a chamar "World Music" ("India", "Afro-Blue"); as explorações sonoras resultantes de divisões simétricas da oitava (sistemas quadritónicos e tritónicos) da qual "Giant Steps" é o resultado mais conhecido; a busca de uma nova abordagem à improvisação em grandes formações("Ascension") ou a procura - talvez iniciada em "A Love Supreme" - de uma transcendência da tonalidade, procura essa que seguiu furiosamente até ao fim.
David Liebman tomou como suas todas estas áreas de exploração musical, com uma intensidade e paixão difíceis de igualar, com um espírito de missão que transparece da importância que desde muito cedo deu á componente pedagógica da sua atividade.
Sem sombra de dúvida um dos meus saxofonistas favoritos. Daí que encontrar os vídeos aqui postados tenha "feito o meu dia".

Gravado no New Jazz Festival (Hamburgo,Alemanha, 1975)    
Dave Liebman, sax soprano, tenor e flauta
Richie Beirach, piano
Frank Tusa, baixo
Jeff Williams, bateria
Badal Roy, percussão, tablas




Comentários

Anónimo disse…
Olá Zé estou a ouvir o primeiro clip do Dave Liebman Germany '75 e é muito bom! E as figuras deles também, especialmente ele e o Beirach... Abraço João Vaz (proprietário de uma F.Louis que ainda não caiu ao chão)