O Sr. Sanders merecia melhor.
O conceito implica(va) o diálogo entre a “muralha de som” dos trios Chicago Underground + S. Paulo Underground e o saxofone de Pharoah, ele próprio, em tempos passados, uma poderosa e inquietante “muralha” sonora.
Só que os tempos passados são isso mesmo e Pharoah, para grande tristeza nossa, está muito debilitado. Problemas cardíacos fizeram-no regressar aos EE. UU. na semana anterior a este concerto e regressar a Lisboa logo de seguida e o desgaste que isso provocou foi bastante visível. Pharoah limitou-se a fazer alguns solos, a maior parte dos quais de uma forma errática, debitando alguns dos clichés que fazem parte da sua linguagem de sempre e que os espectadores esperam ouvir. Alguns solos que se iniciaram para logo terminarem passando a sensação de que aquele habitat sonoro era muito pouco friendly para o fragilizado saxofonista. Mesmo assim, por breves momentos e em algumas notas o véu se rompeu e deu para ver lá atrás, ao fundo, o brilho incandescente do som do saxofonista. Aquele vibrato largo que estou certo aprendeu com (roubou a) Trane e que faz as notas parecerem-me eternas mesmo que durem apenas um breve instante ou aquelas notas mais graves do sax (os E, D e Cs) que são uma das mais características assinaturas de Pharoah. (Apenas o B grave, nota especialmente exigente, lhe deu problemas na noite de ontem).
Quanto aos músicos que constituem o grupo gostei muito do baterista Chad Taylor, um pilar ao longo das 2 horas de música. Grande invenção rítmica (e poli-rítmica), linguagem muito informada por diversas áreas estilísticas (afro, latin,hip-hop), grande preocupação melódica na utilização da bateria no seu total. Alta cena. Muito musical o seu pequeno solo na mbira.
Rob Mazurek no trompete, flauta étnica, voz e electrónica e mentor do projecto não teve um concerto fácil.... Obrigado a gerir a participação de Sanders (a maior parte das vezes, a falta dela, já que foram várias os temas em que o saxofonista prescindiu de improvisar - ao contrário, estou certo, do que o lider esperaria - Mazurek teve, a meu ver e por essa razão, de estender o seu espaço de intervenção um pouco além do que ele (e eu...) gostaria...
Guilherme Granado muito bem nos teclados, oportuno, criativo, atento e muito bom controle dinâmico dos faders.
Baixista eléctrico e percussionista realmente muito fracos. Matthew Lux (bx) com pulsação irregular, falha em alguns (muitos) primeiros tempos o que redunda numa lamentável falta de groove, notas erradas (!) em algumas das linhas de baixo. Dele apenas gostei da manipulação do som do baixo com pedais . O percussionista brasileiro Maurício Takara, a tirar pouco som dos instrumentos, ritmo mole, sem uma real envolvência física com o instrumento. E vindo um país com tamanha tradição de percussão ! No cavaquinho, uma intervenção também bastante desinteressante. Neste instrumento apenas gostei dos uníssonos com o trompete.
O conceito implica(va) o diálogo entre a “muralha de som” dos trios Chicago Underground + S. Paulo Underground e o saxofone de Pharoah, ele próprio, em tempos passados, uma poderosa e inquietante “muralha” sonora.
Só que os tempos passados são isso mesmo e Pharoah, para grande tristeza nossa, está muito debilitado. Problemas cardíacos fizeram-no regressar aos EE. UU. na semana anterior a este concerto e regressar a Lisboa logo de seguida e o desgaste que isso provocou foi bastante visível. Pharoah limitou-se a fazer alguns solos, a maior parte dos quais de uma forma errática, debitando alguns dos clichés que fazem parte da sua linguagem de sempre e que os espectadores esperam ouvir. Alguns solos que se iniciaram para logo terminarem passando a sensação de que aquele habitat sonoro era muito pouco friendly para o fragilizado saxofonista. Mesmo assim, por breves momentos e em algumas notas o véu se rompeu e deu para ver lá atrás, ao fundo, o brilho incandescente do som do saxofonista. Aquele vibrato largo que estou certo aprendeu com (roubou a) Trane e que faz as notas parecerem-me eternas mesmo que durem apenas um breve instante ou aquelas notas mais graves do sax (os E, D e Cs) que são uma das mais características assinaturas de Pharoah. (Apenas o B grave, nota especialmente exigente, lhe deu problemas na noite de ontem).
Quanto aos músicos que constituem o grupo gostei muito do baterista Chad Taylor, um pilar ao longo das 2 horas de música. Grande invenção rítmica (e poli-rítmica), linguagem muito informada por diversas áreas estilísticas (afro, latin,hip-hop), grande preocupação melódica na utilização da bateria no seu total. Alta cena. Muito musical o seu pequeno solo na mbira.
Rob Mazurek no trompete, flauta étnica, voz e electrónica e mentor do projecto não teve um concerto fácil.... Obrigado a gerir a participação de Sanders (a maior parte das vezes, a falta dela, já que foram várias os temas em que o saxofonista prescindiu de improvisar - ao contrário, estou certo, do que o lider esperaria - Mazurek teve, a meu ver e por essa razão, de estender o seu espaço de intervenção um pouco além do que ele (e eu...) gostaria...
Guilherme Granado muito bem nos teclados, oportuno, criativo, atento e muito bom controle dinâmico dos faders.
Baixista eléctrico e percussionista realmente muito fracos. Matthew Lux (bx) com pulsação irregular, falha em alguns (muitos) primeiros tempos o que redunda numa lamentável falta de groove, notas erradas (!) em algumas das linhas de baixo. Dele apenas gostei da manipulação do som do baixo com pedais . O percussionista brasileiro Maurício Takara, a tirar pouco som dos instrumentos, ritmo mole, sem uma real envolvência física com o instrumento. E vindo um país com tamanha tradição de percussão ! No cavaquinho, uma intervenção também bastante desinteressante. Neste instrumento apenas gostei dos uníssonos com o trompete.
Conclusão : Apesar do interessante conceito proposto pelo
grupo, uma “jóia do Nilo” como Pharoah Sanders merecia uma noite um bocadinho melhor. E
nós também.
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